O pregão da sexta-feira (4) foi de forte aversão ao risco global, mas a bolsa brasileira caiu em menor proporção que seus pares, perdeu quase 4 mil pontos, com queda generalizada das ações.
O dólar "explodiu" com a maior cotação em três anos, a R$ 5,83, em meio ao medo de recessão global e as incertezas inflacionárias
Bolsa desaba
O Ibovespa foi impactado pela resposta da China ao tarifaço de Donald Trump e o medo de uma recessão global. A Bolsa de São Paulo desabou 2,96%. As commodities despencaram. Na semana, o índice caiu 3,52%. A Vale (VALE3) perdeu 3,99%. Petrobras (PETR3 e PETR4) recuou 4,18% e 4,02% com a forte queda do petróleo em mais de 5%.
Mais cedo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, disse que ainda é cedo para dizer qual será o caminho da política monetária dos Estados Unidos.
O principal índice da B3 recuou 2,96%, aos 127.256,00 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 3,22%, aos 127.550 pontos. O giro financeiro foi de R$ 31,6 bilhões. Em Nova York, os índices fecharam no negativo.
Lado positivo
O tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderá acelerar o processo de acordo entre o Mercosul e a União Europeia (EU). A avaliação é do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana.
“Eu acho que o Brasil não tem que focar em qual vantagem a gente vai tirar nisso. Até porque o presidente Lula é do multilateralismo, propõe acordos. Mas é óbvio que, qualquer analista vai ver, se os Estados Unidos conseguirem implementar essas medidas, pode ter como consequência, por exemplo, acelerar o processo do acordo Mercosul-União Europeia”, disse.
“Já ouvimos e vimos manifestações de líderes europeus que dizem que vão acelerar o processo de validação do acordo Mercosul-União Europeia”, acrescentou. O porta-voz da Comissão Européia, Olof Gill, confirmou nesta sexta-feira (4), esta intenção, no sentido de ter como parceiros países com regras definidas e estáveis.
Oportunidades comerciais
De acordo com Viana, as novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos abrirão novas possibilidades comerciais para o Brasil e demais países. “Mas acho que, antes das possibilidades, vão vir as dificuldades. E é um risco grande. É algo que pode construir uma nova era. Tem alguns analistas que já falam que pode ser que os Estados Unidos podem estar abrindo agora a era da China”, acrescentou.
Em média, as tarifas aplicadas por Trump foram de 10% para países da América Latina, de 20% para Europa e de 30% para Ásia, mostrando que o governo americano vê como maior ameaça os países orientais.
Apesar da taxa menor aplicada ao Brasil, de 10%, o presidente da Apex disse não ver “vantagem” para o país e afirmou acreditar que o tarifaço não será benéfico para o comércio global.