O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em novembro foi de 0,44%, na Região Metropolitana de Fortaleza, e ficou 0,02 ponto percentual abaixo da taxa de outubro (0,46%). No ano, o IPCA acumula alta de 4,24% e, nos últimos 12 meses, de 5,10%, acima dos 4,97% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2023, a variação havia sido de 0,31%.
Sem trégua
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, seis tiveram alta em novembro.
A maior variação (1,35%) e o maior impacto (0,33 p.p.) foram registradas em Alimentação e bebidas. Na sequência, vieram os grupos Transportes (1,30% e 0,24 p.p.) e Despesas pessoais (1,28% e 0,10 p.p.). O principal impacto negativo (-0,29 p.p.) foi observado em Habitação (-1,72%). Os demais grupos ficaram entre o recuo de 0,03% de Vestuário e variação positiva de 0,39% de Saúde e cuidados pessoais.
Alimentos
Em Alimentação e bebidas (1,35%), a alimentação no domicílio passou de 0,43% em outubro para 1,54% em novembro. Foram observados aumentos nos preços dos seguintes subitens: tomate (16,69%), óleo de soja (9,84%), laranja pera (7,61%) e no item de carnes (4,61%). No lado das quedas, destacaram-se a manga (-21,81%), a cebola (-9,97%), mamão (-8,89%) e banana-prata (-7,50%).
A alimentação fora do domicílio (0,72%) registrou variação superior à do mês anterior (0,52%). O subitem refeição manteve-se quase estável de 0,28% em outubro para 0,25% em novembro, enquanto o lanche passou de 1,18% em outubro para 2,11% em novembro.
Combustíveis
No grupo dos Transportes (1,30% e 0,24 p.p.), o subitem passagem aérea subiu 22,45%, registrando a maior variação nesse grupo. Os combustíveis subiram 1,29%, influenciados pelas altas nos preços da gasolina (1,35%) e óleo diesel (0,66%). Por fim, o subitem ônibus urbano subiu 6,01%, após gratuidades concedidas nas passagens nos dias de eleições municipais nas áreas de abrangência da pesquisa no mês de outubro.
Em Despesas Pessoais (1,28%), o resultado foi influenciado principalmente pelo cigarro (15,01%). Em 1º de novembro, houve aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI incidente sobre cigarros. Altas também foram observadas nos subitens pacote turístico (2,57%) e hospedagem (2,68%).
Brasil
Mesmo a inflação oficial do País perdendo força na passagem de outubro para novembro, fechou o mês em alta de 0,39%. Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) havia sido de 0,56%.
No acumulado de 12 meses, a inflação oficial soma 4,87%, acima da meta do governo de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p.) para mais ou para menos. É também o maior acumulado desde setembro de 2023. No acumulado do ano, ou seja, de janeiro e novembro, o IPCA sobe 4,29%.
Carne e passagens aéreas
Em novembro, o item alimentação e bebidas subiu 1,55%, o que representa 0,33 p.p. da inflação total. O maior impacto veio das carnes, que aumentaram 8,02% (0,20 p.p. de impacto no índice). A alcatra, por exemplo, ficou 9,31% mais cara. Já o contrafilé aumentou 7,83%. “A menor oferta de animais para abate e o maior volume de exportações reduziram a oferta do produto”, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.
Turismo pesa
Dentro do grupo despesas pessoais, que tiveram aumento de 1,43% (0,14 p.p do IPCA), os impactos mais marcantes foram o cigarro, que subiu 14,97%, pacote turístico (4,12%) e hospedagem (2,20%).
Outro grupo que pressionou a inflação em novembro foi o de transportes, que subiu 0,89% e representa 0,13 ponto percentual (p.p.) do IPCA fechado. O vilão foi o preço das passagens aéreas, que subiram 22,65%. O bilhete de avião foi o item individual que mais subiu entre todos os produtos e serviços que têm preços apurados pelo IBGE. “A proximidade do fim de ano e os diversos feriados do mês podem ter contribuído para essa alta”, avaliou Almeida.
Já pelo lado dos alívios na inflação de novembro, estão os combustíveis, que caíram 0,15%, influenciados pelas quedas nos preços do etanol (-0,19%) e da gasolina (-0,16%).
O custo da habitação teve inflação negativa em novembro, -1,53%, o que representa 0,24 p.p. do IPCA. O resultado é explicado pelo subitem energia elétrica residencial, que caiu 6,27% no mês. Isso ocorreu porque, em novembro, a bandeira tarifária da conta de luz foi a amarela, diferentemente da vermelha do mês anterior.
Difusão
O IBGE apurou que em novembro, o índice de difusão ficou em 58%. Isso mostra que 58% dos 377 subitens tiveram aumento de preço. Em outubro, o índice estava em 62%.
O IPCA apura o custo de vida para famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. A coleta de preços é feita nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
Inflação x juros
O comportamento do IPCA é um dos principais balizadores da taxa básica de juros no país, a Selic, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A meta de inflação para 2024 é 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
A Selic é um instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Taxa alta é sinônimo de freio na atividade econômica, o que tem potencial de conter aumento de preços, mas, por outro lado, desestimula investimentos e a criação de emprego e renda.
Copom
A última reunião do ano do Copom começa nesta terça-feira e terminará na quarta-feira (11). Atualmente a taxa está em 11,25% ao ano. Será também o último encontro do colegiado com Roberto Campos Neto na presidência do BC, indicado pelo governo anterior. A partir de 2025, o Copom, a autoridade monetária será presidida por Gabriel Galípolo, indicado pelo atual governo.
O Boletim Focus, pesquisa feita pelo BC com instituições financeira, aponta que a inflação deve terminar 2024 em 4,84%. Há quatro semanas, a expectativa era de 4,62%. Já em relação à taxa de juros, há expectativa é terminar 2024 em 12%, ou seja, 0,75 p.p. acima da atual. Como já estamos em dezembro, esse aumento terá efeitos na inflação dos próximos anos, a chamada convergência da taxa de juros, estratégia para que a inflação se aproxime da meta desejada.