Incerteza: dólar fecha a R$ 5,99 após EUA anunciar taxação de produtos da China em 104%

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A elevação do dólar significa mais inflação para o Brasil, que já está contratada diante dos efeitos da guerra comercial deflagrada pelo tarifaço nos Estados Unidos Foto: Freepik

Depois de bater R$ 6,00 o dólar fechou a R$ 5,99 nesta terça-feira (8), após os Estados Unidos confirmarem a cobrança de uma tarifa extra de 50% sobre produtos importados da China. Portanto, a medida, a soma de todas as taxas aplicadas pelos EUA contra os chineses chegará a uma alíquota de 104%. As cobranças começarão a ser feitas já nesta quarta-feira (9), segundo a Casa Branca.

O resultado desta terça-feira levou o dólar ao maior patamar desde 21 de janeiro, quando fechou a R$ 6,0302. A moeda norte-americana vinha em trajetória de queda até que a nova configuração das tarifas norte-americanas nas trocas comerciais foi anunciada. O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, teve forte queda.

A elevação do dólar significará mais inflação para o Brasil, que já está contratada diante dos efeitos da guerra comercial deflagrada pelo tarifaço nos Estados Unidos.

Guerra dá mais um passo

Minutos antes, a secretária Karoline Leavitt criticou o governo chinês por não recuar e aceitar uma negociação com os Estados Unidos. “Países como a China, que escolhem retaliar e tentam redobrar os maus-tratos aos trabalhadores americanos, estão cometendo um erro. O presidente Trump tem uma espinha dorsal de aço e não vai quebrar. A América não vai quebrar sob sua liderança. Ele é guiado por uma firme convicção de que a América deve ser capaz de produzir bens essenciais para o nosso próprio povo e exportá-los para o mundo”, disse Leavitt.

Na segunda-feira, Donald Trump havia ameaçado impor tarifas adicionais sobre todas as importações da China caso Pequim não recuasse da decisão de impor tarifas recíprocas contra Washington.

“Se a China não retirar seu aumento de 34% acima de seus abusos comerciais de longo prazo até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas adicionais à China de 50%, com efeito em 9 de abril”, disse o americano em rede social.

“China lutará até o fim”

O representante do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse nesta terça-feira (8) que “pressionar, ameaçar e chantagear não são as maneiras certas de lidar com a China”. A declaração foi dada em entrevista à imprensa, em referência à taxação adicional de 50% aos produtos do país anunciada nesta terça-feira (8) pelos Estados Unidos. 

“A China tomará as medidas necessárias para salvaguardar resolutamente seus direitos e interesses legais. Se os Estados Unidos ignorarem os interesses dos dois países e da comunidade internacional e insistirem em lutar guerras tarifárias e guerras comerciais, a China certamente lutará até o fim”, disse o porta-voz. 

Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, Lin Jian disse que os Estados Unidos impõem tarifas de maneira indiscriminada e violam os direitos legítimos de outros países e as regras da Organização Mundial do Comércio, além de prejudicarem o sistema de comércio multilateral e a estabilidade da ordem econômica global.

“É unilateralismo típico, protecionismo e intimidação econômica, e tem sido amplamente contestado pela comunidade internacional”, disse Lin.