A intenção de consumo em julho apresentou caminhos distintos entre as faixas de renda analisadas, com queda de 0,4% na percepção das famílias com renda abaixo de 10 salários mínimos e alta de 0,3% nas com renda acima de 10 salários mínimos. No mesmo sentido, a perspectiva de consumo nos próximos meses aumentou 0,4% entre os brasileiros com maior renda e reduziu 1% entre os de menor renda.
“O sentimento distinto dos dois grupos em relação ao momento atual do mercado de trabalho se espelhou na satisfação com o emprego” , aponta o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Felipe Tavares. A pesquisa mostrou que os mais ricos estão 0,1% mais satisfeitos, enquanto os de menor renda estão 0,6% mais insatisfeitos. Já em relação à perspectiva profissional, o movimento foi diferente, com queda de 0,6% nas famílias de maior renda e estabilidade nas demais.
Geral
De modo geral, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) teve leve recuo de 0,2% em julho no País, descontados os efeitos sazonais. Esse é o primeiro resultado negativo desde o começo do ano da ICF, apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na análise anual, o crescimento foi de 2,3%, a menor taxa desde junho de 2021. Ainda assim, a ICF permanece na zona de satisfação, aos 101,5 pontos.
Fortaleza
O varejo de Fortaleza, no entanto, prevê alta significativa nas vendas. Este período, marcado pelas férias escolares e a chegada de turistas tem proporcionado um aquecimento substancial na economia local. Os visitantes nas praias, shopping centers e o Centro histórico de Fortaleza, têm gerado um impacto nos mais diversos setores da economia, movimentando o comércio, bares, restaurantes, hotéis e pousadas da região.
É o que garante Assis Cavalcante, presidente da CDL de Fortaleza. “A vocação turística do Ceará e da Capital faz com que recebamos mais visitantes do que os fortalezenses que saem para outros destinos. Trata-se, portanto, de um período essencial para o crescimento econômico e a geração de empregos ", afirma.
Centro
"Novos terminais de transporte público têm contribuíd para o aumento do fluxo de pessoas no Centro de Fortaleza, especialmente nas ruas Guilherme Rocha e Barão do Rio Branco. Temos observado um aumento significativo no movimento não apenas nas ruas, mas também dentro das lojas", destaca o presidente da CDL. A contribuição veio da inauguração de terminal de ônibus na Praça José de Alencar e do metrô que serve à região.
Os shopping centers também têm registrado um aumento no número de visitantes, refletindo um cenário de varejo aquecido que, por sua vez, contribui para a criação de novos empregos, especialmente no centro da cidade. "Esse crescimento nas atividades do varejo é um indicativo claro de mais oportunidades de emprego para a população local", acrescenta o presidente da CDL.
Renda cresce
De outro lado, a satisfação com a renda atual aumentou 0,2%. Com o mercado de trabalho evoluindo e a menor taxa de desocupação desde 2015, a percepção da renda continuou a trajetória de crescimento e atingiu 125,3 pontos, o maior nível desde março de 2015.
A renda média do brasileiro voltou a crescer após relativa estabilidade. De acordo com o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, nos três primeiros meses deste ano, a renda habitual média dos brasileiros foi de 3 mil 137 reais, um aumento de 1,5% em relação ao trimestre anterior e de 4% na comparação com os três primeiros meses do ano passado.
O levantamento integra o recém lançado "Retrato dos Rendimentos do Trabalho - Resultados da PNAD Contínua do Primeiro Trimestre de 2024". Nos três primeiros meses do ano, a massa salarial alcançou uma média mensal de aproximadamente 310 milhões de reais, 6,6% maior que o mesmo trimestre de 2023.
Na análise por vínculo de ocupação, os dados mostram que os trabalhadores por conta própria tiveram o maior crescimento de renda interanual, com aumento de 6,9%. Por sua vez, os trabalhadores do setor público tiveram crescimento de 4,9%, os empregados sem carteira assinada, de 4,4%, e os empregados com carteira assinada apresentaram avanço de 3%.
Por setor, os trabalhadores da indústria, transporte e serviços pessoais e coletivos registraram o maior crescimento na renda, com alta de 6%.
Crédito
A avaliação dos consumidores em relação ao acesso ao crédito caiu 0,6% em julho, em relação a junho, reafirmando o momento desafiador no mercado de crédito. “O consumidor precisa equilibrar endividamento com controle da inadimplência, como o que temos visto na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência (Peic)”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. Com a piora nas condições do mercado de trabalho e o crédito ainda seletivo, tanto a avaliação sobre o consumo atual como a perspectiva de consumo no futuro caíram (0,4% e 0,6%, respectivamente).
“Mesmo com o desaquecimento do mercado de trabalho e as consequências que isso traz para os próximos meses, ainda há boas perspectivas para a venda de bens duráveis”, acrescenta Tadros. Esse subindicador ficou em 66,6 pontos em julho, com aumento de 1,6% no mês e 10,4% em relação a julho do ano passado, aponta a CNC.