Indústria calçadista perdeu mais de 7 mil postos em 11 meses; Ceará cortou 2,47 mil empregos

calçados
O Ceará, segundo maior empregador do setor no País, viu sua indústria perder 2,47 mil postos entre janeiro e novembro. Causas apontada são concorrência com calçados importados sem  tributação, via plataformas internacionais de e-commerce e temor de reoneração

Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, entre janeiro e novembro, a indústria calçadista nacional perdeu 7,67 mil postos na atividade. Somente no mês de novembro, o pior do ano, foram perdidas 5,8 mil vagas. Com isso, o setor encerrou o mês 11 de 2023 empregando um total de 288,65 mil pessoas em todo o Brasil, 6,9% menos do que no mesmo mês do ano passado.

Apesar de ainda ser o maior empregador do setor calçadista, o Rio Grande do Sul perdeu 1,84 mil vagas nos 11 meses de 2023. Somente em novembro foram 1,65 mil postos perdidos na indústria. Assim, o setor encerrou o mês 11 empregando um total de 85,1 mil pessoas, 5,6% menos do que no mesmo período do ano passado.

Ceará

Segundo empregador da atividade no Brasil, o Ceará viu sua indústria perder 2,47 mil postos entre janeiro e novembro. Somente em novembro foram ceifadas 1,62 mil vagas. Com isso, a indústria calçadista cearense encerrou o mês 11 empregando um total de 65,9 mil pessoas, 6,2% menos do que no mesmo mês de 2022.

Perdendo 807 postos no acumulado do ano, a Bahia aparece como terceira maior empregadora da atividade. Somente em novembro o setor perdeu 487 empregos na indústria baiana. Com o registro, a indústria calçadista local encerrou o mês 11 somando 41,84 mil pessoas empregadas na atividade, 3,5% menos do que no mês correspondente de 2022.

Dificuldades

O presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, alerta que a indústria calçadista nacional passa por um momento bastante conturbado, tanto no mercado interno quanto externo. “Ao longo do ano, até novembro, vimos o mercado doméstico encolher 6% e o internacional mais de 14%, em volume. É um período ainda muito complicado para o setor calçadista e, claro, o fato é refletido no emprego”, ressalta o dirigente. 

Segundo ele, a indústria tem sentido também a concorrência desleal com calçados importados sem qualquer tributação, via plataformas internacionais de e-commerce. “Desde agosto, os calçados estrangeiros vendidos via essas grandes plataformas passaram a não pagar tributos de importação. É uma concorrência desleal diante de uma indústria nacional que paga seus impostos em cascata, como a nossa”, alerta.

Desoneração

O setor calçadista também aguarda com preocupação o desfecho da “novela” da reoneração da folha de pagamento. Segundo Ferreira, caso o desfecho não seja positivo, ou seja, o setor seja reonerado, é prevista uma onda de desemprego na atividade ao longo de 2024. “O que está ruim pode piorar com uma carga extra de R$ 720 milhões por ano somente para a indústria de calçados”, conclui o executivo.